Podiam ser nossas filhas, irmãs, primas ou amigas. As pessoas que fazem as nossas histórias tocam-nos, porque, afinal, também os jornalistas são de carne e osso. Os casos de Leonor, Mariana, Laura ou Sara não são números numa folha de Excel ou uma realidade longínqua de casos de distúrbios alimentares. São mulheres com quem Catarina Pires (jornalista) e Tomás Silva (fotojornalista) conversaram. Foi possível ouvir as suas vozes, ler-lhes o olhar e sentir na pele a incerteza de vidas viradas do avesso. |
Os jornalistas do Observador encontraram estas histórias no Hospital de Dia para Perturbações do Comportamento Alimentar, que abriu em janeiro deste ano na Clínica Psiquiátrica de São José, das Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus, uma Instituição Particular de Solidariedade Social de caráter religioso com unidades de saúde mental em todo o país. |
Catarina confessa que foi preciso ter nervos de aço ao ouvir os relatos. Estiveram sentadas frente a frente numa conversa franca, mas a jornalista cometeu um erro, que agora admite. Um engano humano, que ajuda a perceber quão afastados estamos destas realidades. “Quanto pesam?” A pergunta faz sentido, e o silêncio da não resposta também. Ninguém no grupo falou. Foram as comparações obsessivas de peso e de medidas, que levaram algumas destas mulheres a desenvolver distúrbios alimentares. Catarina admite que fez a pergunta errada no momento errado. Paradoxalmente, isso ajudou-a numa reportagem que não nos deixa indiferentes. |
Neste texto, a sensibilidade da escrita da Catarina e a elegância das imagens do Tomás mostram-nos o sofrimento da doença e um caminho de esperança. A recuperação não é fácil, não é rápida, dói, mas é possível. |
Esta é (mais) uma das histórias que nos ajudam a perceber que a Saúde Mental é e deve ser uma preocupação presente nas nossas relações e nas empresas. O Observador não poderia ficar à margem de uma missão tão importante como esta: a de ajudar a mostrar que os doentes não estão sozinhos e que há processos para ajudar a combater a doença. Foi esta uma das razões que nos levaram a lançar a secção Mental no início de março de 2023. |
O que é a perturbação borderline? O que é a doença bipolar? São apenas dois exemplos das perguntas para as quais procuramos respostas nos nossos explicadores, sem esquecer quem cuida e quem trata. |
Por falar em quem trata, a jornalista Sofia Teixeira diz que os convidados da série “Do outro lado” ficam surpreendidos quando Nuno Neves, realizador, pede para que batam as palmas uma vez antes de começarem a falar. O gesto e som substituem a claquete usada no cinema e em vídeo para marcar o arranque de um take. Neste programa em vídeo os profissionais de saúde partilham na primeira pessoa experiências que os marcaram em anos de prática clínica. Filipa Jardim da Silva explica como uma paciente a ajudou a humanizar a relação com os doentes; Nuno Mendes Duarte conta o caso da mulher que não era capaz de sair de casa há 10 anos e Rosário Carmona e Costa fala dos receios e dos caminhos percorridos para alcançar um rapaz que passava mais de 17 horas por dia a jogar computador. E este fim-de-semana teremos mais uma destas histórias. |
Na secção Mental do Observador é ainda possível encontrar artigos de opinião, entrevistas a especialistas nacionais e internacionais e podcasts como “O Labirinto” e o “Sair do Labirinto”. |