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Cerca de 24 horas depois de a Rússia ter começado a invadir a Ucrânia, os enviados especiais do Observador chegaram a Lviv: eram 4 da manhã, não estavam a conseguir nenhum hotel com vagas, e começaram a soar as sirenes que alertam para ataques do inimigo, pelo que dormir dentro do carro algures na rua não era uma opção. |
A Cátia Bruno, nossa conceituada jornalista de Internacional, e o João Porfírio, o nosso premiado editor de fotografia, estão em contacto permanente com Lisboa, através de um grupo de whatsapp que junta a direção e os editores de sociedade e internacional, Carlos Diogo Santos e Pedro Rainho. Foi precisamente o Carlos que, depois de também não conseguir encontrar qualquer alojamento livre a partir de Portugal, os aconselhou a procurarem o Hotel Panorama, um dos maiores daquela cidade ucraniana, para pedirem que ao menos os deixassem passar a noite no lobby, na esperança de que já houvesse quartos livres no dia seguinte. |
O hotel parecia um edifício abandonado, de luzes apagadas, mas encontraram o gerente, Andriy, à porta, a ajudar outro hóspede a entrar. Confirmou-lhes que não tinha vagas e hesitou muito perante o pedido para os deixarem entrar para o lobby: “Não sei, não sei, a situação está muito complicada”. Pediu-lhes 2 minutos, ponderou e acabou por os deixar entrar: indicou-lhes as casas de banho, a água, a comida e o sofá onde poderiam dormir 2 horas, desde que se levantassem antes de os outros hóspedes começarem s circular para o pequeno-almoço de manhã. Acabou por ser um gesto de grande generosidade, que salvou a Cátia e o João de correrem riscos maiores na primeira noite que passaram na Ucrânia. |
Tinham saído de Lisboa na madrugada anterior, com conservas, barras energéticas e coletes à prova de bala e capacetes na bagagem (os equipamentos de proteção de cada um pesam 9 kg). Os primeiros bilhetes que compraram tinham Kiev como destino, mas pouco antes de descolarem de Lisboa foi interdito o tráfego aéreo no aeroporto da capital ucraniana. Foi preciso improvisar e acabaram por fazer três escalas até chegarem à Polónia: Lisboa-Roma-Munique-Cracóvia. Nesta cidade alugaram um carro e dirigiram-se à fronteira com a Ucrânia, onde ficaram retidos cerca de uma hora, por faltar um carimbo que os próprios funcionários se tinham esquecido de colocar. |
Os enviados especiais do Observador foram a segunda equipa de jornalistas a atravessar esta fronteira, depois de uns jornalistas australianos. Já na Ucrânia, receberam um e-mail urgente da companhia de rent-a-car polaca onde alugaram o Hyundai cinzento em que se estão a deslocar: “Por favor contactem-nos urgentemente. Pelas informações que recebemos, estão em território ucraniano. Por favor regressem o mais rápido possível. A companhia de seguros não cobre viagens para a Ucrânia”. |
A primeira imagem que captaram quando entraram no país ocupado foi a da gigantesca fila de carros que tentavam sair do país, ultrapassada frequentemente por carros em contramão, que os obrigavam a encostar à berma para conseguirem passar. As áreas de serviço estão apinhadas de ucranianos a tentar abastecer-se de combustível e comida e há vários check points, para verificar se há homens com menos de 60 anos, que estão proibidos de fugir pela lei marcial, para o caso de ser necessário chamá-los para combater o inimigo. Os homens que chegam a este ponto têm de deixar as mulheres e crianças seguir viagem sozinhas: despedem-se ali e muitos voltam para trás a pé. |
Outros vão levar as famílias à estação de comboios de Lviv, dão um último abraço sem saberem se se vão reencontrar e ficam na plataforma a vê-las partir. Um pôs a mão no vidro do comboio, do lado de fora, como se tocasse a mão da mulher, do outro lado do vidro, como mostra esta foto extraordinária do João Porfírio. Dois polícias pediram-lhe para parar de fotografar, e desculparam-se: “Não é por nós, mas já nos estão a perguntar quem são vocês. São pessoas desconfiadas”. |
A Cátia Bruno esteve entretanto à conversa com o subdiretor Ricardo Conceição, para um episódio especial do nosso novíssimo podcast A História do Dia, onde relata estas suas primeiras horas na Ucrânia. Pouco depois, partilhou no nosso grupo de whatsapp esta mensagem: “Pessoal, só para avisar: não entrem em pânico mas no hotel dizem-me que têm info de que Lviv vai ser atacada esta noite. O recolher obrigatório está em vigor, não podemos sair do hotel. Se algo começar, vamos para o abrigo do hotel.” Respondeu-lhes logo a diretora adjunta Filomena Martins: “Oh caraças, tenham lá mas é cuidado”. |
Esta madrugada, às 4h30 de Lisboa, 6h30 na Ucrânia, a sirene tocou mesmo e todos os hóspedes tiveram de descer para o bunker. Ao fim de meia hora, deixaram-nos voltar para os quartos, mas ninguém tem ilusões: mesmo com todas as cautelas, esta é obviamente uma reportagem que implica correr riscos de segurança. Mas não havia outra forma de relatar com rigor e profundidade os primeiros dias daquele que pode tornar-se o maior conflito militar na Europa depois da II Guerra. Vai seguramente continuar a valer a pena acompanhar os trabalhos dos nossos enviados especiais que vamos publicando no jornal, bem como as entradas que vão fazer diariamente na Rádio Observador. |
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