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O comboio é o melhor e o mais seguro meio de transporte na Ucrânia. Pedro Jorge Castro e João Porfírio, enviados especiais do Observador, somam milhares de quilómetros de ferrovia nas viagens feitas num país em guerra. No comboio noturno entre Kiev e Kharkiv, na zona leste da Ucrânia, foram submetidos a um teste por uma passageira. A mulher perguntou se eram jornalistas e o que iam fazer. Depois, falou em russo para os testar. Nem Pedro Jorge Castro nem João Porfírio falam a língua de Putin. Com tudo esclarecido, a companheira de viagem contou-lhes a história de um militar isreaelita, que estava em combate desde 2014 e que tinha participado em operações clandestinas entre a região de Donbass e Moscovo. Trocaram contatos para uma entrevista em Kharkiv, mas acabou por não se concretizar. No entanto, conversaram com o bispo de Kharkiv, D. Pavlo, que se deixou fotografar de capacete, colete à prova de bala e ao lado de uma imagem de Nossa Senhora de Fátima. O representante católico diz que “A pena de morte seria um alivio para Putin. Ele deve viver e ver o que fez”. |
A mais de 650 quilómetros de Kharkiv, em Mikolaiv, os enviados especiais do Observador voltaram a experimentar a dificuldade de encontrar onde dormir. Num dos poucos locais disponíveis, os quartos, a 20 euros por noite, não eram suficientes para a procura. Foi preciso insistir para descobrir que sobrava uma suite, de 30 euros, mas não tinha aquecimento. A zona tinha sido sobrevoada por drones. A Dúvida se seriam aeronaves russas ou ucranianas levou muitos jornalistas a abandonar o local. Os jornalistas do Observador permaneceram no quarto das noites geladas. Como medida de prevenção para eventuais rebentamentos, o editor de fotografia, João Porfírio, encostou um colchão à janela e fixou-o com fita cola para impedir ferimentos em caso de quebra dos vidros. Ao retirar a fita, um pedaço colou-se ao cabelo de tal forma, que foi forçado a improvisar um corte na hora… e terá doído. Mikolaiv é perto da importante cidade de Odessa, onde há uma caça aos colaboracionistas. |
Os jornalistas recorrem ao serviço de guias, intérpretes que ajudam no transporte e nas traduções. Estas pessoas são designadas por fixers. O homem que ajudou os nossos enviados especiais em Mikolaiv não teve grandes problemas com o combustível, por ter um carro híbrido. Uma das suas preocupações era comprar chocolates, muitos chocolates. Foi o que fez quando pararam num supermercado. Entregou-os aos entrevistados, como gesto de cortesia. A meio de uma viagem mais longa, parou o carro de repente, e abriu a porta para entrar uma senhora, que estava a pedir boleia e que os acompanhou o resto da viagem. |
São histórias de bastidores da cobertura noticiosa de uma guerra na Europa onde temos de estar. Esta semana assinalámos o 8º ano de vida do Observador. O nosso compromisso com os leitores e ouvintes é o grande motor de uma redação empenhada no acompanhamento deste conflito minuto a minuto. Também esta semana lançámos o Plano Patrono para assinar o Observador, porque o apoio dos nossos assinantes é crucial para a missão que desempenhamos. |
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