Frederico está ao colo do pai, segura uma batata frita com a mão direita e o pacote com a esquerda. Está vestido de azul e o cachecol não está muito apertado, é demasiado grande para uma criança. Pai e filho estão de olhos no relvado. Os dois estão sentados na bancada do estádio do Dragão no dia seguinte ao das eleições que ditaram a mudança na liderança do Futebol Clube do Porto. O pai é André Villas-Boas, que bateu Pinto da Costa nas urnas, quando o ainda presidente tentava um 16.º mandato ao fim de 42 anos no cargo. |
A imagem que serve de arranque a esta newsletter é apenas uma entre as várias registadas pelo nosso editor de Fotografia. João Porfírio acompanhou a ida de Villas-Boas até ao Dragão e conseguiu acesso à bancada. O presidente eleito entrou pela porta 13 e seguiu para o setor 15, onde se sentou com o filho no lugar 4 da fila 30, sempre acompanhado por elementos da Corpo de Segurança Pessoal da PSP. A autorização para o Observador entrar no estádio chegou mesmo em cima da hora do jogo, por volta das 19h30. Villas-Boas e Frederico entraram no Dragão por volta das 19h45, com o arranque do clássico marcado para as 20h30. |
Depois da vitória nas eleições, o novo presidente recusou o convite de Pinto da Costa para assistir ao FC Porto-Sporting (Gyökeres virou o resultado nos últimos minutos e empatou o jogo) na tribuna. O antigo treinador dos azuis e brancos optou por ficar no seu lugar “cativo” na bancada central e até se sentar foi efusivamente saudado por muitos adeptos. Pinto da Costa só no domingo ligou a Villas-Boas, no sábado ainda alegava que não tinha o número de telefone atualizado do seu ex-treinador, como nos contou o Bruno Roseiro, editor de Desporto do Observador. |
Bruno Roseiro e João Porfírio chegaram — debaixo de chuva severa — ao Porto na sexta-feira para acompanhar ao minuto as eleições dos dragões. Sabíamos que este ato eleitoral seria diferente dos anteriores e poderíamos estar perante um momento histórico. Não nos enganámos. Encontrámos o sócio que gastou 946 euros para ir votar e testemunhámos um recorde de afluência às urnas. |
Foram três dias de correria entre o estádio e a sede de campanha do candidato que desafiou a tradição. Como sempre, tentámos planear o máximo possível; e como sempre, a realidade impôs alterações de última hora. Quando a meio da tarde de sábado se aperceberam da tendência dos resultados, os planos mudaram e João Porfírio seguiu para a sede de campanha de Villas-Boas, onde ficou o resto da noite enquanto o Bruno Roseiro permaneceu no Dragão, onde escreveu “como foram as últimas horas de Pinto da Costa na presidência”. |
O carro ficaria trancado num parque de estacionamento, que encerrou à uma da manhã e só foi recuperado na manhã seguinte, a de domingo. Essa noite de sábado terminaria ainda com um susto, quando os Super Dragões tentaram entrar na garagem do estádio e acabaram por rodear o carro em que seguia o presidente derrotado para o homenagear. Tudo acabou por decorrer sem incidentes. |
No domingo, depois de novas correrias, de novas tentativas de entrevistas, de um jogo que acabou empatado a 2 golos, o dia terminou já perto das 2h00 para a dupla do Observador com um prego no pão. |