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Enquanto dormia… |
… Joe Biden foi oficialmente declarado Presidente dos EUA. E logo a seguir Trump garantiu uma “transição ordeira” do poder, apesar de insistir que não concorda com o resultado das eleições. Mas estas duas frases estão longe, muito longe, de contar o que se passou na noite de quarta-feira, quando apoiantes de Trump invadiram o Capitólio. Nos incidentes que se seguiram quatro pessoas morreram e 14 agentes da polícia ficaram feridos. Parece algo saído de um guião de Hollywood, mas é a realidade no ano de 2021 nos Estados Unidos. |
Na quarta-feira, dia em que o Congresso se reuniu para certificar os resultados das eleições presidenciais – ou seja, a vitória do democrata Joe Biden –, uma multidão forçou a entrada no edifício do Capitólio, aos gritos de “Trump ganhou as eleições”. Houve disparos – uma mulher, inicialmente ferida, acabaria por morrer devido a um dos tiros – três outras pessoas também perderam a vida (vítimas de “emergências médicas isoladas” perto do Capitólio) e pelo menos 14 polícias ficaram feridos. Um deles está em estado grave, depois de ter sido “puxado para dentro da multidão e agredido”. E 52 pessoas foram detidas. |
Enquanto decorria a invasão, Donald Trump publicou várias mensagens nas redes sociais. Na primeira, criticou o seu “vice”, Mike Pence, por não ter tido “a coragem” de anular as eleições. Depois apelou a que os manifestantes (o protesto pró-Trump estava convocado há semanas) protestassem de forma pacífica, mas sem exigir o fim do assalto. Acabaria por fazê-lo horas depois, mas insistindo na sua teoria de fraude eleitoral, para a qual nunca apresentou provas. E no quinto e último tweet resumiu aquilo que pensa sobre o assunto: “É isto que acontece quando uma vantagem eleitoral sagrada é roubada a patriotas”. O Twitter apagou-lhe várias das mensagens e acabaria por bloquear-lhe a conta por 12 horas (admitindo mesmo expulsá-lo). Os ex-presidentes dos EUA ainda vivos, o republicano George W. Bush e os democratas Bill Clinton e Barack Obama, condenaram as ações dos manifestantes afetos a Trump e responsabilizaram o presidente cessante. Bush disse que as paixões foram “inflamadas por falsidades” e Obama foi mais duro: a violência foi “incitada por um Presidente no cargo, que continua a mentir, sem fundamento, sobre o resultado de uma eleição respeitadora da lei”. |
Os trabalhos no Congresso foram retomados depois de a polícia ter assegurado o controlo do edifício (e com a Guarda Nacional mobilizada nas ruas de Washington D.C.). O desfecho é o que já se conhece: Joe Biden foi declarado oficialmente Presidente dos EUA. Pode acompanhar aqui todo o relato dos incidentes feito pela equipa do Observador. |
E agora? Chegou a hora de os republicanos abandonarem Trump? O jornalista João de Almeida Dias preparou um especial para perceber melhor como se chegou a este novo ponto baixo para a democracia norte-americana e o que nos reservam os próximos tempos. |
A invasão do Capitólio acabaria por ofuscar factos preocupantes em Portugal no que toca à evolução da pandemia. De terça para quarta-feira, Portugal registou mais de 10 mil novos casos, o pior dia desde o início da pandemia. Além disso foi contabilizado o segundo maior número de mortes por Covid-19 e continuam a subir os internamentos nos Hospitais do SNS, que “estão à beira da rotura”. Nos hospitais da região de Lisboa e Vale do Tejo, por exemplo, a atividade não urgente vai ficar suspensa. |
Isto num dia em o Estado de Emergência foi renovado até 15 de janeiro; em que o presidente Marcelo Rebelo de Sousa esteve em risco de iniciar um isolamento profilático – devido a contacto com um caso positivo – mas terminou o dia a debater com André Ventura na televisão. Naquele que foi o seu terceiro debate, o Presidente acusou Ventura de “demagogia barata”, de ser uma espécie de “direita do medo” e até disse que, em privado, quando é recebido em Belém, a conversa de Ventura é outra. “Eu não lhe admito que o senhor diga aqui o que não diz nas audiências em Belém. Lá é outra conversa e outro tom”, disse Marcelo. Quanto ao candidato apoiado pelo Chega, insistiu em colar Marcelo à governação do PS de António Costa: “Será que alguém à direita pode em consciência votar em Marcelo? Que esteja bom da cabeça?”. |
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