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A primeira coisa que pensámos, depois de juntarmos a ideia à lista de trabalhos que gostávamos de fazer, foi: “Ninguém vai aceitar.” Há pouco mais de um ano, estávamos a preparar o Mental, a secção do Observador totalmente dedicada à saúde mental que estreámos em março de 2023. E queríamos muito ter uma rubrica em que psiquiatras e psicólogos contassem na primeira pessoa, e em vídeo, os casos que mais os marcaram. Depois de termos começado a olhar para o doente para lá da doença, com as entrevistas do “Labirinto”, pensámos que seria útil se conseguíssemos olhar para quem está do outro lado, para lá do rótulo de “médico dos malucos”, que muitos ainda lhes colam. |
O maior problema, imaginávamos, seria o medo que os profissionais de saúde poderiam ter do risco de expor o doente, numa relação estritamente confidencial. A solução seria explicar, de forma clara, que esse não era o objetivo — pelo contrário. Na rubrica “Do Outro Lado — Histórias de Quem Trata a Saúde Mental”, não procurávamos detalhes dos doentes, da doença ou do percurso do tratamento. O objetivo era mesmo focar no psiquiatra ou no psicólogo, na forma como lidou com o caso e no impacto que teve na sua vida profissional e pessoal. |
Talvez tenhamos conseguido explicar isso bem porque quando a Sofia Teixeira, autora das entrevistas, começou a fazer contactos, quase não ouviu um “não”. Com uma enorme generosidade, 13 pessoas convidadas até agora aceitaram sentar-se em frente a uma câmara e a uma equipa que se completa com o Nuno Neves, realizador, e a Kimmy Simões, videógrafa, para falarem delas próprias. Muitos deles estão habituados a serem chamados para falar sobre doenças, sintomas, tratamentos, sinais de alarme. Mas, como me explicava hoje a Sofia, nunca ninguém lhes pergunta: “E para si, como foi?” A rubrica “Do Outro Lado” é o espaço onde podem, simplesmente, ser “pessoas”. |
Pessoas, de carne e osso, que se debatem com casos como o do jovem, doente oncológico terminal, que aceitou esperar pelo fim — e com o luto que também elas têm, depois, de fazer. Pessoas que percebem que, por vezes, não basta rever mentalmente a matéria que se aprendeu durante anos de formação — é preciso levantar-se, sentar-se ao lado do rapaz que jogava online 17 a 22 horas por dia e abraçá-lo. Ou que sabem que, como vimos num dos primeiros episódios da série, a terapia pode ser como subir para um fio suspenso no ar, sem rede de segurança em baixo, e percorrer o caminho ao lado do doente. |
Os vídeos são todos muito curtos — 6 ou 8 minutos —, mas as entrevistas gravadas duram muito mais. A Sofia Teixeira costuma fazer uma conversa prévia pelo telefone, que a ajuda, depois, a esboçar um guião, mesmo que muitas vezes não o siga. Depois das gravações, é preciso transformar aquela hora de entrevista (a mais longa teve uma hora e meia) na tal versão de 6 ou 8 minutos. Parece uma tarefa impossível — e de facto, não é fácil —, mas, quando vai no carro a voltar para casa, logo depois de gravar, a Sofia já sabe, normalmente, como vai fazer, que partes quer usar e que momentos são mais importantes e eficazes para contar aquela história, com o cuidado de nunca a desvirtuar. Depois envia a lista de cortes a fazer ao Nuno Neves, que também concebeu a estética dos vídeos, e, alguns ajustes depois, está pronto a publicar. |
O impacto tem sido extraordinário. Os episódios publicados desde março já foram vistos por mais de meio milhão de pessoas, no site do Observador, no Youtube e nas redes sociais. E, esta semana, o trabalho foi reconhecido com o 2.º Prémio de Jornalismo em Psiquiatria e Saúde Mental. Na mesma cerimónia, um outro formato do Mental também foi distinguido: o podcast “Sair do Labirinto”, conduzido pelo Paulo Farinha, coordenador de todo o projeto, recebeu uma menção honrosa. |
No Mental, uma parceria do Observador com a FLAD e o Hospital da Luz que conta com o apoio do Colégio de Psiquiatria da Ordem dos Médicos e da Ordem dos Psicólogos Portugueses, costumamos dizer que “está na altura de falarmos sobre isto”. Não queremos deixar parar esta conversa. |
Um recorde e um número redondo |
Um dos segredos da rubrica “Do Outro Lado” é o poder de uma boa história. E, felizmente, no Observador temos tido a sorte de ver muitas vezes esse poder — em vários formatos. Quando lançámos os Podcast Plus, as nossas séries para ouvir em vários episódios, pensámos que seria difícil bater o sucesso da estreia: “O Sargento na Cela 7”, lançado em março, ocupou o primeiro lugar do top das plataformas de podcast e, até agora, já foi ouvido quase 775 mil vezes. |
Depois veio “Piratinha do Ar” e “Um Espião no Kremlin”, que, na comparação diária com o primeiro, ficaram mesmo muito perto, mas foram incapazes de destronar o sucesso da história de António Lobato, o prisioneiro português que mais tempo passou em cativeiro durante a guerra de África. Até que chegou “O Encantador de Ricos”, a história de como Pedro Caldeira, o maior corretor da Bolsa portuguesa, seduziu a alta sociedade dos anos 80 — e perdeu os milhões que lhe confiaram. É um trabalho do Edgar Caetano e do Artur Costa, editado pelo João Santos Duarte, narrado pela atriz São José Correia, com banda sonora original de The Legendary Tigerman e design gráfico do Miguel Feraso Cabral. |
Este que é o mais recente Podcast Plus do Observador foi lançado há apenas 17 dias, ainda só vai no segundo episódio e já foi ouvido mais de 260 mil vezes. Na comparação diária com os anteriores, já ocupa o primeiro lugar. Fizemos essas contas esta semana e percebemos que também chegámos a um outro número redondo: no total, os podcasts narrativos do Observador já foram ouvidos mais de 2 milhões de vezes. |
Estes trabalhos dão — passe a expressão — muito trabalho. É preciso pesquisar toda a história, falar com muitas pessoas, gravar entrevistas, definir uma estrutura narrativa, escrever, apagar e reescrever guiões, conceber a imagem gráfica, pôr em marcha um plano de comunicação, gravar e regravar o texto, escolher os melhores sons — e, por vezes, refazer muito do que parecia pronto. Mas depois acontece-nos isto: pomo-nos a fazer contas e vemos o poder de uma boa história. |
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Talvez lhe tenha escapado
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Bolsa
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No segundo episódio de “O Encantador de Ricos”, todos querem entrar no grande jogo da bolsa nos anos 80, mas ninguém ganha tanto como Pedro Caldeira. Até ao dia em que algo inesperado vem mudar tudo.
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PS
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Maior parte da bancada está com Pedro Nuno, mas Carneiro tem apoios de peso, como Santos Silva. Há círculos inteiramente pedronunistas e uma divisão grande no círculo de Carneiro.
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PS
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Candidatos querem evitar ideia de partido desunido, a pensar nas legislativas. Mas nos bastidores há irritações. Carneiro vinca diferença ideológica, Pedro Nuno tenta agir já como candidato a PM.
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Crise Política
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Candidato esteve cinco meses sem registo de interesses no site da AR, mas este apareceu horas depois de o Observador enviar email aos serviços do Parlamento. Foi preenchido já sem a quota na Tecmacal.
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Crise Política
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O dia que mais esperou chegou mais cedo do que queria e com uma nuvem gigante por cima do PS. Pedro Nuno Santos avançou para a liderança a tentar provar que vem das bases, mas aprendeu com o topo.
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Vichyssoise
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Antigo secretário de Estado da Saúde explica apoio a Carneiro com "razoabilidade" do candidato e poucas condições para apostar em novas geringonças. E deixa críticas e dúvidas ao Ministério Público.
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Crise Política
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Além de várias referências de Lacerda Machado ao primeiro-ministro, o advogado terá almoçado com o chefe do Governo para falarem sobre o projeto do data center. MP pede prisão preventiva para Lacerda.
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Crise Política
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Juiz considera que a "factualidade fortemente indiciada" dos autos indica que refeições oferecidas aos ministros João Galamba e Duarte Cordeiro poderão configurar crime de oferta indevida de vantagem.
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Crise Política
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Escuta mal transcrita, portaria erradamente citada e reunião no PS que, afinal, foi em São Bento. Quais são os erros que o MP cometeu e qual a sua importância?
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Crise Política
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Juiz Nuno Dias Costa não valida indícios contra João Tiago Silveira. Mas diz que prova do alegado "plano criminoso" entre a Start Campus, Lacerda Machado e Vitor Escária está "fortemente indiciada".
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Crise Política
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Socialistas caminham em gelo fino e tentam expor potenciais erros do Ministério Público e defender ações do Governo sem passar ao ataque direto. PS acha perigoso fazer da Justiça tema de campanha.
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Crise Política
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Alegadas pressões políticas terão servido para contornar obstáculos ambientais a data center numa zona protegida em Sines — e um habitat já foi mesmo destruído. Que zona é esta e porque é importante?
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Crise Política
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Chega virou a agulha no dia em que o Governo caiu. André Ventura viu nas eleições antecipadas a esperança de chegar mais cedo ao poder, mas há um gigante obstáculo pelo caminho: o "não é não" do PSD.
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Justiça
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Tribunal condenou Eduardo e Elisa Rodrigues a uma multa de 8.400 euros e determinou a perda de mandato do atual autarca de Gaia. Ficou provado que mulher usou carro em maio e junho de 2018.
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Orçamento do Estado
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Nem um exército de avaliadores competentes, que não existe, conseguiria perceber as implicações de quase 2.000 propostas. UTAO admite que, no limite, o Orçamento só precisava de 6 artigos e uns mapas.
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Orçamento do Estado
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O Orçamento do Estado vai começar a ser votado na especialidade na próxima semana. Todos os partidos fizeram propostas de alteração. Muitas mudam completamente o sentido da proposta.
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Espanha
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Com uma megacoligação de oito partidos, Sánchez enfrentará "negociações diárias" e uma legislatura "complicada". PSOE promete "estabilidade", mas rivalidades entre aliados podem complicar cenário.
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Guerra na Ucrânia
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Chefe das Forças Armadas ucranianas denuncia "impasse" na guerra, mas Zelensky recusa. Especialistas ouvidos pelo Observador recusam crise institucional, mas admitem "progressos lentos" e "cansaço".
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Conflito Israelo-palestiniano
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No norte de Gaza, apenas um hospital funciona após ataques perto de unidades de saúde. Israel diz que quer eliminar túneis secretos do Hamas, OMS denuncia situação "perigosa e precária".
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Greve
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Greve, que começou no verão, está a afetar sobretudo a região de Lisboa e os doentes sem médico atribuído. Ao Observador, uma médica em greve queixa-se da sobrecarga de trabalho e das dificuldades.
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Serviço De Estrangeiros E Fronteiras
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Sindicato de antigo SEF diz que são os novos elementos na PJ a garantir em grande parte o controlo das fronteiras. PSP critica falta de apoio dos ex-SEF, enquanto GNR defende mais formação.
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Web Summit
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Num evento que nunca fugiu aos temas quentes da atualidade, a polémica com Israel e o ex-CEO diluiu a temática política na Web Summit deste ano. Participantes e startups fazem um balanço positivo.
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Web Summit
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O "impacto enorme" do plástico na saúde das pessoas e a "economia" como responsável pela "crise ecológica" (e não os combustíveis fósseis). Foi assim que se falou sobre clima na Web Summit.
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Web Summit
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Há um ano, o ChatGPT foi o ponto de partida para o “boom” da IA generativa, o tema que tem dominado uma boa parte da agenda da Web Summit. Discutem-se os perigos e as consequências para o futuro.
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Cinema
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"The Old Oak", novo e anunciado último filme do britânico, passou no LEFFEST antes de se estrear esta quinta-feira. À distância, Ken Loach deu uma aula sobre participação cívica, cinema e esperança.
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Séries
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Depois de 60 episódios e mais de 300 milhões de euros, chega ao fim a série sobre a família real britânica. A primeira parte da sexta temporada fica disponível na Netflix a 16 de novembro.
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Teatro
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"Blackface" é um monólogo sobre a prática teatral racista, desde as suas raízes nos Estados Unidos da América aos casos portugueses. A peça chega ao Teatro do Bairro Alto, em Lisboa, já esgotada.
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Séries
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O argumento é de Raquel Palermo e João Matos, a realização de Sérgio Graciano. Estivemos na rodagem da produção para a RTP que vai retratar regimes, sociedades e homens distintos num mesmo país.
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Monumentos
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A frase é da diretora daquele monumento e do Mosteiro dos Jerónimos. Em entrevista, Dalila Rodrigues fala sobre o impacto das alterações climáticas, do turismo de massas e da gestão patrimonial.
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Opinião
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Tudo aquilo a que temos assistido é grave e prejudica o país na economia e na sua vida política. E o primeiro-ministro é o principal responsável. Demitiu-se de governar. Agora é preciso reconstruir.
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A demissão e a dissolução resultaram de nós todos sabermos como o poder socialista funciona, e de o poder socialista saber que nós sabemos. Foi isso que não os deixou continuar.
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Que sabia a Procuradora para legitimar buscas desta envergadura na residência do PM feitas por gente pela qual é responsável? Onde estavam as armas de destruição maciça que levaram à queda do governo?
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Durante estes anos, Costa mostrou, uma e outra vez, que ser suspeito, ser arguido, ser alvo de buscas ou ser detido não era obstáculo à continuação de uma carreira política sob o seu patrocínio.
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O eleitorado de direita poderá enredar-se em hesitações e remoer sobre as imperfeições dos líderes dos partidos do seu espaço político. Mas, assim, Pedro Nuno Santos terá caminho aberto para São Bento
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